Prof. Scott Hahn sobre: "Porque há um só Deus, e um só Mediador"
- Jefferson Santos
- 24 de set. de 2023
- 4 min de leitura
Texto e tradução feita por Jefferson Santos

O texto aqui presente é do livro "Razões Para Crer - Como Entender, Explicar e Defender a Fé Católica", do excelentíssimo apologista católico Scott Hahn, que foi traduzido pela Cléofas. Não comprei este livro e também não encontrei o PDF dele em português na internet, mas encontrei uma versão em PDF em espanhol e tive a bênção de poder fazer esta ótima leitura.
O trecho que traduzi é onde ele comenta uma objeção famosa contra a intercessão dos santos. Acredito que é importante reconhecer que existem defesas mais robustas da doutrina católica sobre a intercessão dos santos, mas o que Hahn oferece aqui é uma explicação válida e esclarecedora para aqueles que podem ter dúvidas ou objeções iniciais, esse é um livro dele de 2007. E também, ele já lidou com essa objeção de maneira mais profunda em outros livros/aulas mais recentes.
Não modifiquei o conteúdo do texto, somente traduzi e coloquei algumas ênfases/detalhes e poucas notas.
Único Mediador *
Na minha jornada em direção ao catolicismo, cheguei a aceitar o conhecimento que os santos têm dos acontecimentos terrenos, mas eu traçava uma linha divisória em relação ao seu poder de intercessão. Baseava-me na primeira Carta de São Paulo a Timóteo: "Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem" (1 Tm 2, 5).
Ao citar este trecho, eu o estava tirando do contexto. Para entendê-lo adequadamente e confirmar a doutrina católica sobre a oração de intercessão, precisei retroceder alguns versículos. Aqui está o parágrafo na íntegra, desde o início do capítulo:
"Por isso, exorto, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, com toda a piedade e respeito. Isso é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e há também um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, que se entregou a si mesmo em redenção por todos." *
O que podemos concluir agora disso? Podemos realmente concluir que os santos que intercedem pelos outros minam a mediação de Jesus Cristo? Não, claro que não. São Paulo exorta os cristãos a intercederem uns pelos outros. Ele os insta a agirem como mediadores em benefício de grupos específicos de pessoas, como os que ocupam altos cargos, por exemplo. E enfatiza que tal mediação é "agradável aos olhos de Deus" e também eficaz, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada. Portanto, a oração de intercessão não apenas é permitida, mas também tem sua eficácia garantida.
Cristo é, sem dúvida, o único mediador, mas os santos participam de sua mediação porque compartilham de sua vida. Lembre-se do que os autores do Novo Testamento querem dizer quando falam dos "santos". Eles sugerem que os "bem-aventurados" são aqueles que foram santificados pelo batismo. Isso inclui os fiéis na Terra e também os bem-aventurados no céu. Todos os fiéis estão "em Cristo", para usar a expressão favorita de São Paulo. Seja nos céus ou na Terra, os santos podem interceder pelos outros precisamente porque compartilham a vida do único mediador, e Ele vive neles. Jesus disse: "Se permanecerem em mim e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que desejarem, e lhes será concedido. Nisso meu Pai é glorificado" (João 15, 7-8). Portanto, a intercessão dos santos não tira nada da glória de Deus. Não honramos os santos em vez de Deus, mas os glorificamos em Deus. Ele compartilha sua glória com eles, assim como os acolhe na nuvem de glória e cria a grande "nuvem de testemunhas".**
Devemos agradecer a Deus que essas testemunhas não sejam apenas espectadores impotentes. Não apenas estão lá nos observando, mas estão fazendo algo. Com Cristo, à direita do Pai, eles intercedem por nós. É Cristo quem lhes concedeu o privilégio de interceder dessa forma. É Cristo quem reveste suas orações de poder, assim como faz com nossas próprias orações, as orações intercessoras dos santos na Terra. "Somos colaboradores de Deus" (1 Coríntios 3, 9).
Portanto, quando honramos os santos, imitamos a Cristo, que os honrou primeiro. Honramos aqueles a quem Ele honrou. Bendizemos aqueles a quem Ele abençoou: "Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor" (Apocalipse 14, 13).
Alguém ainda pode se perguntar se é permitido aos fiéis cristãos lidar com os mortos, uma prática proibida no Antigo Testamento (cf. Levítico 20, 27; Deuteronômio 18, 11). Nossa resposta, evidentemente, é a de Hebreus, a do Apocalipse e a de todo o Novo Testamento: "Para mim, viver é Cristo", diz São Paulo, "e morrer é lucro" (Filipenses 1, 21). Os bem-aventurados nos céus entraram plenamente na vida com Deus e estão mais vivos do que nós; têm mais vida do que qualquer pessoa com quem possamos falar na Terra. Porque Deus "não é Deus dos mortos, mas dos vivos" (Marcos 12, 27).
Notas:
* Scott Hahn. La fe es razonable, ed. Rialp: cap. 7, p. 124-125. PDF da obra aqui.
*** Aqui o Prof. Scott Hahn está citando o versículo 1 de Hebreus 12
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