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O Papel da Autoridade na Família

Por Jefferson Tadeu


Se você tivesse que escolher a principal característica necessária para o pai de uma família, o que seria?

Alguns podem dizer que precisamos de homens católicos que rezam, o que é certamente verdade. Outros grupos católicos chamam os homens a servir como cabeça da família literalmente, servindo à esposa e aos filhos. Certamente a paternidade exige sacrifício e serviço, mas não podemos cair no erro de que o marido e a esposa desempenham papéis iguais e complementares em um casamento, como muitos leigos e até mesmos Padres ensinam. Um grande erro, na minha opinião, tem sido ignorar a ênfase tradicional e o destaque do papel de autoridade que um marido e pai deve exercer em uma família.

Temendo parecer autoritário ou distante de seus filhos, muitos pais jovens tentam ser "bons amigos" de seus filhos. Brincando e fazendo da vida um jogo, eles ensinam não apenas que a vida não é séria, mas que a autoridade é frívola. O pai, em vez de mostrar a seriedade da autoridade que uma criança precisa para estar calma, estável e segura em relação ao seu lugar na vida, assume ele mesmo uma postura de grande criança, vestindo-se, falando, interagindo como um jovem, mesmo quando está longe disso, seu filho não é um cachorro! O pai vira um "Menino Grande", seu filho o Menino Pequeno, e sua esposa assume o papel de Mãe para todos.

Isso cria uma desordem inerente. A esposa tem dificuldade em encontrar o marido para obedecer e respeitar. As crianças começam a se considerar iguais aos pais. A harmonia e o equilíbrio do lar são perturbados, porque a autoridade paterna está faltando. Vemos os resultados desastrosos desse fenômeno ao nosso redor hoje em dia.

Dito isto, parece ser muito valioso reproduzir as palavras proféticas do Monsenhor Henri Delassus, de que nada é mais urgente na família do que restaurar a autoridade paterna. Vou deixar um trecho de sua obra como um presente aos católicos que buscam a sólida sabedoria católica do passado para construir um futuro católico saudável.

A Autoridade do Pai

Por Monsenhor Henri Delassus



Em Atenas e Roma, a autoridade do pai era absoluta. Em sua própria casa, ele era um rei. Tinha uma dignidade e um poder verdadeiramente soberanos, e esse poder se estendia até mesmo ao direito de vida e morte.


Na França Católica, o pai nunca teve esse direito, mas ainda assim era o primeiro juiz de seus filhos. Até o século XVIII, ele conservava o direito de privar um filho indigno de sua liberdade, mesmo que este fosse maior de idade e casado, e o próprio rei colocava seu poder à disposição do pai em busca de justiça.


Foi o que aconteceu quando um pai pediu ao soberano uma lettre de cachet (carta lacrada), solicitando a assistência do poder real contra um filho quando este era causa de desonra para a família. O rei podia então enviá-lo para uma prisão estadual. Este costume era reconhecido em todos os lugares, mesmo pelos destinatários das lettres de cachet.


A autoridade paterna era considerada essencialmente superior a todas as outras e, por isso, profundamente respeitada. "O príncipe dá ordens aos seus súditos", diz Jean Bodin, "o mestre aos seus discípulos, o capitão aos seus soldados... Mas a nenhum deles a natureza deu tamanha autoridade como ao pai, que é a verdadeira imagem do soberano Deus, o Pai universal de todas as coisas."


De fato, as crianças deveriam pensar em seus pais como imagens de Deus na Terra. Encontramos frequentemente pensamentos como o seguinte, que são de Stephen Pasquier:

"Devemos considerar nossos pais como deuses na terra, que nos foram dados não só para nos transmitir a vida e conservá-la, mas também para nos santificar por uma sábia instrução".

Ao escrever para uma de suas sobrinhas, São Francisco de Sales afirmou: "Veja como você encontra em seu pai uma imagem do Pai Eterno. Por essa razão, devemos honrar e reverenciar aquele através do qual Deus se dignou nos dar a vida".


Uma autoridade com tal caráter religioso deveria inspirar respeito e tornar a obediência fácil, estimulando a devoção à família e mantendo a harmonia entre os filhos. Ao longo do século XVIII, no entanto, a autoridade paternal estava se deteriorando devido aos novos costumes igualitários e a Convenção Nacional acabou por destruí-la quase completamente.

Desde que homens imbuídos do espírito de Rousseau - ou seja, homens que queriam ver o indivíduo, não a família, como o elemento básico da sociedade - assumiram o poder legislativo, eles lutaram para promulgar leis para abolir a autoridade do pai sobre seus filhos maiores de 21 anos e enfraquecê-la sobre os mais novos. "A voz imperiosa da razão", proclamou Cambacérès, um famoso legislador revolucionário, "deve ser ouvida. O poder paternal não existe mais. Um homem não deve ter poder direto sobre outro, mesmo que seja seu próprio filho".

O socialismo, por sua vez, procurou consagrar essas proposições na lei. Em seu livro Le socialisme intégral, Benoît Malon disse:

"O que deve acontecer é abolir completamente a autoridade do pai e seu poder quase real na família. Na verdade, a igualdade só será perfeita se isso for alcançado. Os filhos não têm tanto valor quanto os pais? Com que direito estes comandam aqueles? Chega de obediência! Chega de desigualdade!"

Hoje, o pai se encontra diante de seus filhos em uma situação semelhante à de um soberano privado de qualquer meio para reprimir a rebelião dos súditos. A literatura e a mídia reforçam tais leis, trabalhando contra adultos e idosos com afirmações que a razão contradiz. Até mesmo as escolas, por meio do conhecimento transmitido na ordem dos fatos materiais, persuadem as crianças de que têm uma verdadeira superioridade sobre os pais, que muitas vezes são ignorantes desses aprendizados.


Dessa forma, a autoridade paternal é apenas uma sombra do que era antes da Revolução Francesa. Tocqueville aplaudiu essa mudança:

“Acho que à medida que as leis e os costumes se tornem mais democráticos, as relações dos pais com os filhos se tornarão mais íntimas e afetuosas. À medida que a lei e a autoridade se manifestam menos, a confiança e o afeto aumentarão. E embora seja verdade que o vínculo social enfraquecerá, o vínculo natural se fortalecerá."

Os fatos contradizem tais previsões, que, aliás, a razão não pode admitir. Hoje, todos lamentam a ruptura dos laços familiares e suas consequências: a perda de respeito e obediência dos filhos em relação aos pais, a emancipação dos primeiros, a corrupção extrema dos costumes e, finalmente, a decadência geral do povo.


Nas classes superiores, as aparências podem ser melhor mantidas, mas a realidade não é melhor. Estimulada pela doutrina igualitária da época, a juventude está se revoltando frequentemente contra a disciplina do lar. Cada vez mais, sua preocupação primordial é desfrutar a vida em ociosidade e libertinagem, dissipando a riqueza reservada para eles pelo trabalho de seus ancestrais.


É, portanto, urgente restaurar a autoridade paternal. Ninguém tem um título mais legítimo. Nada é mais necessário.


O poder paternal é aquele que, na ordem natural, mais claramente revela sua instituição divina. Está até acima do poder do rei, que se limita a dirigir uma sociedade da qual não se pode reivindicar direitos baseados na natureza. A autoridade atribuída ao pai, no entanto, é uma consequência legítima dessa dignidade natural: a de continuar a obra da criação, dando vida e novos seres dotados de consciências morais e capazes de serem elevados ao conhecimento e amor de Deus.



Investida de tal alta legitimidade, essa autoridade se impõe pela necessidade de assegurar a existência dos filhos, que são incapazes de conservá-la por si próprios. É imposta pelo próprio amor paternal, o afeto humano mais duradouro e menos egoísta, porque os pais percebem que, sem tal autoridade, seria impossível educar crianças que têm a mancha do pecado original. Finalmente, é imposta pelo serviço que presta à sociedade, transmitindo por meio da educação o tesouro de verdades morais e experiências acumuladas ao longo dos séculos.


Assim, a autoridade paternal foi sempre e em toda parte - exceto entre nós, na hora presente - considerada uma pedra fundamental da ordem social, necessária a todos os povos e em todos os tempos como um dos elementos invariáveis da constituição social.


Ao escrever sobre os excelentes estudos de Le Play sobre o que compõe o corpo social, Charles de Ribbe chegou a esta conclusão demonstrada absolutamente pela experiência: se as sociedades são a imagem das famílias que as compõem, as famílias são, por sua vez, aquelas em que a autoridade paternal é exercida. Ele disse:

"Se devolvermos a autoridade ao pai, restauraremos o ministério de Deus na ordem temporal... Quanto mais o tempo passa, mais nos damos conta de que é necessário devolver à família sua autonomia. É impossível constituir bons governos com homens entregues ao erro. No triste estado em que nos encontramos, a salvação só pode vir daquela autoridade única, que, por virtude da lei natural, permanece devotada aos seus subordinados. Somente a autoridade paternal pode realizar o que é superior à força de qualquer autoridade pública."

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Somos cegos que nos deixamos guiar por cegos. Hoje com 28 anos quanta coisa vejo em que errei. Hoje já sem a presença do meu pai como me doí certas lembranças, e as únicas que me consolam são as de suas resignação e luta pra me educar e criar. Que esteja em bom lugar a alma de meu bom pai.

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